Estanho
(Sn)
O estanho é um elemento natural na crosta
terrestre, amplamente utilizado na indústria pelo baixo ponto de fusão,
formação de ligas, resistência à corrosão e oxidação (AZEVEDO, 2009).
O minério básico do estanho é a cassiterita ( SnO2)
cuja abundância na crosta terrestre é 0,001%. O uso mais comum do estanho é no
revestimento do ferro para a fabricação de folhas de flandres (lata). Está
presente em ligas tais como latão (Fe-Sn), bronze (Cu-Sn), peltre e em alguns
materiais de solda (Pb-Sn). É utilizado na fabricação de vidros foscos, de
esmaltados, papéis laminados etc (VAITSMAN;AFONSO; DUTRA, 2001; AZEVEDO,
2009).
Segundo o estudo realizado por Azevedo (2009), os
compostos inorgânicos de Sn são encontrados em pequenas quantidades na crosta
terrestre e utilizados como pigmento para tintas, em pasta dental, perfume,
sabão, aditivos de alimentos e tinturas. As principais aplicações comerciais
dos compostos orgânicos ocorrem em estabilizadores de cloreto de polivinila
(PVC), pesticidas de uso agrícola, agentes conservantes (de madeira, algodão e
papel), na indústria de vidros e agente antiincrustante para uso náutico.
A exposição ao Sn e a seus compostos pode produzir
diversos efeitos tais como neurológicos, hematológicos e imunológicos. Os estanhos
inorgânicos podem causar pneumoconiose não fibrogênica e efeitos
gastrointestinais enquanto os orgânicos podem também ser genotóxicos. Causam,
ainda, irritação severa e queimação na pele, quando absorvidos por essa via.
Outros efeitos implicam danos renais e hepáticos.
Geralmente, as concentrações de estanho inorgânico
na água, solo e ar são baixas, exceto em áreas com elevados níveis desse metal
e no entorno de indústrias que processam o estanho. Em geral, os compostos
orgânicos de estanho são provenientes de fontes antropogênicas e não ocorrem
naturalmente no ambiente.
Pouca informação tem sido publicada com respeito
aos efeitos de compostos inalados de estanho orgânico ou inorgânico sobre a
saúde humana. Relatos de exposições ocupacionais, frequentemente, envolvem
múltiplas substâncias químicas e faltam detalhes sobre as concentrações e
condições reais de exposição.
A exposição, por um longo período, à poeira e a
fumos de estanho resulta na acumulação das partículas de compostos de estanho
nos tecidos pulmonares uma vez que esse elemento é pouco absorvido. O estanho
inorgânico se deposita nos pulmões devido à sua insolubilidade e deficiência na
absorção. Dessa forma, os pulmões são os órgãos alvo para partículas oriundas
da poeira de estanho. A maior parte do metal permanece extra celularmente na
forma de SnO2 (dióxido de estanho) nos macrófagos.
Os seres humanos também podem ser expostos ao
estanho orgânico por inalação. Os dados limitados sugerem que a absorção do Sn
orgânico, por inalação, é possível como, por exemplo, nos casos de sujeitos que
exibiram sérios efeitos neurológicos após exposição acidental a vapores de
trimetilestanho. Exposição dérmica também pode ter ocorrido nesses casos
(AZEVEDO, 2009; ATSDR, 2005b).
Estrôncio
(Sr)
Segundo a ATSDR (2004c), o estrôncio é um elemento
químico que ocorre naturalmente em rochas, solo, poeira, carvão e petróleo.
Compostos de estrôncio são utilizados na fabricação de cerâmica e produtos de
vidro, pirotecnia, pigmentos de tintas, lâmpadas fluorescentes, e
medicamentos.
As aplicações comerciais são similares às do cálcio
e do bário, mas é mais caro. A mobilidade do estrôncio no ambiente ocorre
através do ar, como a poeira, o que eventualmente cai sobre os solos e lençóis
d’água. Alguns compostos de estrôncio dissolvem diretamente na água e outros
presentes no solo podem se dissolver na água e mover-se mais profundamente no
solo para a água subterrânea.
Elevados níveis de estrôncio radioativo podem
danificar a medula óssea, causar anemia e impedir a coagulação do sangue de
forma adequada. Apenas o composto de estrôncio estável que pode causar o câncer
é cromato de estrôncio, mas isso é devido ao cromo e não ao estrôncio.
Ferro
(Fe)
No meio ambiente, o ferro é o metal mais abundante
depois do alumínio e aparece em diferentes concentrações dependendo das
condições naturais do solo e da litosfera. Nos solos desprovidos de vegetação,
o ferro é facilmente liberado (GUTBERLET, 1996).
Na atmosfera, o ferro aparece na forma de óxido de
ferro (FeO, Fe2O3). A produção de ferro e aço e a
indústria de transformação do ferro liberam altas concentrações de partículas
finas desse elemento (GUTBERLET, 1996).
O ferro é um elemento essencial à vida vegetal e
animal, micronutriente que atua principalmente na formação da hemoglobina, de
enzimas envolvidas na produção de energia (ATP- Adenosina Trifosfato). É
metabolizado na presença de cobre. O ferro e seus compostos não são
considerados tóxicos. Mas, a intoxicação grave por excesso de ferro provoca dor
abdominal, diarreia ou vômitos, palidez ou cianose, cansaço, a sonolência e o
colapso cardiovascular (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).
Em uma revisão de literatura,
Fernandez et al. (2007) sugerem a participação do ferro no estresse
oxidativo do sistema nervoso central e suas implicações nas doenças
neurodegenerativas com especial destaque para Demência de Alzheimer e Doença de
Parkinson.
Índio
(In)
De acordo com a pesquisa realizada por Ferreira
(2003), o elemento químico índio é um metal que na temperatura ambiente é
estável ao ar seco. É menos volátil do que o zinco e o cádmio, entretanto
sublima, quando aquecido com hidrogênio ou a vácuo. O índio cuja
abundância é de cerca de 0,1 μg.g-1 encontra-se disseminado em
pequenas quantidades em muitos minerais na crosta terrestre.
O Brasil possui grandes reservas estaníferas e a
ocorrência de índio tem sido investigada nesses depósitos, pois o índio associa-se
intimamente à mineralização de estanho. Da mesma forma, o índio, é
principalmente recuperado como subproduto do processamento de zinco.
Quimicamente, o índio assemelha-se ao zinco em
alguns aspectos e ao alumínio, ferro e estanho em outros. O índio forma
amálgama com mercúrio e ligas com ouro, prata, paládio platina, cobre e chumbo,
entre outros metais.
Quanto à sua utilização e consumo mundial, 45% são
utilizados em filmes contendo óxido de índio ou óxido de índio e estanho para
revestimentos sobre vidros. No setor eletrônico, esses filmes são usados em
visores de cristal líquido (LCD's) de relógios, telas de televisão, monitores
de vídeo e computadores portáteis. São usados também como refletores de raios
infravermelhos sobre vidro comum.
O uso em ligas e soldas corresponde por 35%. A
adição de índio a ligas contendo bismuto, chumbo, estanho e cádmio diminui seu
ponto de fusão, sendo utilizada, entre outras aplicações, em dispositivos de
segurança contra incêndio e reguladores de temperatura.
Mancais para serviços pesados e de alta velocidade,
tem sua força e dureza aumentadas, assim como uma melhor resistência à corrosão
e propriedade antiatritante, com a adição de índio de grau padrão; são usados
em motores de aviões, de automóveis de alto desempenho e em motores a diesel.
Soldas à base de índio têm sido usadas em computadores quando a alta qualidade
é essencial.
O índio vem atualmente substituindo o mercúrio em
baterias alcalinas (baterias verdes). Os restantes 5% são utilizados em
pesquisas na área de diodos a laser e fotodetectores à base de índio para
sistemas de telecomunicações à longa distância usando fibras óticas, células
solares etc.
O índio também é usado como aditivo de certos
tipos de óleo lubrificante. Pode ser usado no exame de sangue e dos pulmões. É
tóxico. Com efeito acumulativo, provoca alterações hepáticas e renais, edema
pulmonar e perda de peso
Lítio
(Li)
O elemento lítio - o mais leve dos metais- é comum
em minerais e em algumas águas minerais. Os seus principais usos ocorrem na
indústria nuclear, na síntese de compostos orgânicos, vidros, cerâmicas
especiais, no refino do cobre, ferro e níquel, na fabricação de ligas
extraleves à base de alumínio e à base de berílio para mancais, peças onde
giram os eixos de certos mecanismos (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).
Sais do tipo estearato de lítio são usados nas
graxas ou em lubrificantes a alta temperatura. Outros compostos de lítio são
usados nas baterias solares, em pilhas recarregáveis e em pilhas de marcapassos
de lítio-iodo.
O lítio é um elemento importante em tratamentos
medicinais, mas afeta os rins em doses mais elevadas, desencadeando ainda a
falta de apetite, desidratação e convulsões (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA,
2001).
Manganês
(Mn)
O manganês é um metal comum em muitos tipos de
rochas. Ocorre na natureza na forma de óxidos, silicatos e carbonatos. O
manganês, em sua forma elementar e seus compostos inorgânicos, tem baixa
pressão de vapor, porém sua presença na atmosfera é principalmente à atividade
industrial ou erosão do solo (PROCHNOW, 2005; VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).
O manganês é um elemento essencial e é necessário
para uma boa saúde, podendo ser encontrado em vários alimentos (grãos, cereais,
chás). É considerado um micronutriente, atua como cofator de várias enzimas,
sendo necessário para a síntese de mucopolissacarídeos (relacionados com a
produção de polissacarídeos e glicoproteínas). (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001; ATSDR, 2008c).
É usado basicamente na composição de vários tipos
de aço. Associado ao alumínio, antimônio e ao cobre forma ligas altamente
ferromagnéticas. Na produção do aço, precisa-se do manganês para a ligação do
oxigênio com o enxofre. No estado metálico, o manganês é utilizado
principalmente na produção do aço. Seus compostos têm diversas aplicações:
baterias, porcelanas, vidros catalisadores, fertilizantes, fungicidas,
desinfetante, aditivo de óleos combustíveis e lubrificantes e outros
(GUTBERLET, 1996; PROCHNOW, 2005).
Segundo Boudia et al. (2006), tricarbonilo
manganês metilciclopentadienil (MMT) é um derivado orgânico de manganês (Mn),
utilizado, desde 1976, na gasolina canadense como um estimulador do octano. Sua
combustão leva à emissão de partículas de Mn. Em vários estudos realizados, foi
possível estabelecer uma correlação entre as concentrações atmosféricas de
Mn e densidade do tráfego automóvel, sugerindo que MMT na gasolina
desempenha um papel significativo.
Nas plantas, a toxicidade de manganês, na maioria
das vezes, aparece juntamente com o alumínio em solos ácidos. Os indícios
típicos de toxicidade incluem graves alterações no crescimento e nos sintomas
como cloroses e necroses nas bordas das folhas, formações de manchas e
deformações (GUTBERLET, 1996).
No ser humano, as doenças decorrentes da inalação
de elevadas concentrações de manganês são diversas. Há um tipo específico de
pneumonia decorrente de um grave quadro patológico neuropsiquiátrico, o
“manganismo”, que surge por absorção crônica de manganês. Nem todas as pessoas
expostas às mesmas condições adoecem, depende da predisposição individual e um
grande intervalo entre absorção de concentrações de manganês e manifestação dos
primeiros sintomas da doença (GUTBERLET, 1996).
É reconhecida a relação entre o excesso de manganês
no organismo e a Síndrome de Parkinson, bem como psicoses, insônias e a perda
de expressão facial. A intoxicação por este elemento químico causa efeitos
neurológicos e falta de coordenação motora (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).
Mercúrio
(Hg)
De acordo com informações da CETESB (2010a), é
relativamente incomum o mercúrio na crosta terrestre e a sua liberação ocorre
por processos naturais (erosão e atividade vulcânica) e mineração. As
atividades não intencionais (queima de combustível fóssil) e antropogênicas,
intencionais (produtos à base de mercúrio e distribuição) representam as
principais fontes de contaminação do ambiente. Uma vez liberado, o mercúrio
permanece no ambiente, circulando entre o ar, a água, o sedimento, o solo, e a
biota, com suas formas químicas diferentes: metálica, inorgânica ou orgânica.
Na atmosfera, o vapor de mercúrio pode se depositar
ou for convertido na forma solúvel retornando à superfície terrestre nas águas
da chuva. A partir daí, duas importantes alterações químicas podem ocorrer: o
metal pode ser convertido novamente em vapor de mercúrio e retornar à
atmosfera, ou ser "metilado" por microrganismos presentes nos
sedimentos da água, transformando-se em metilmercúrio, o qual pode ser
bioconcentrado em animais, dando início a importante processo de
biomagnificação.
A exposição ao mercúrio ocorre por via oral,
inalação ou por via dermal. O sistema nervoso é muito sensível a todas as
formas de mercúrio. Vapores de mercúrio metálico e metilmercúrio são mais
prejudiciais do que outras formas, porque atingem o cérebro com mais
facilidade. A exposição a níveis elevados de mercúrio metálico, inorgânico ou
orgânico pode danificar permanentemente o cérebro, rins e o feto em
desenvolvimento (ATSDR, 1999).
Vapores metálicos de mercúrio ou mercúrio orgânico
podem afetar muitas áreas diferentes do cérebro e suas funções associadas,
resultando numa variedade de sintomas os quais incluem alterações da
personalidade (irritabilidade, timidez, nervosismo), tremores, alterações da
visão (constrição (ou estreitamento) do campo visual), surdez, perda da
coordenação muscular, perda de sensação e dificuldades com a memória (ATSDR,
1999).
A maioria das emissões para o ar ocorre na forma do
mercúrio elementar, que é muito estável podendo permanecer na atmosfera por
meses ou até anos, possibilitando seu transporte por longas distâncias. A
Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica os compostos de
metilmercúrio como possíveis carcinógenos humanos. Os compostos de mercúrio
metálico e os compostos inorgânicos de mercúrio não são classificáveis quanto a
sua carcinogenicidade para o ser humano (CETESB, 2010a).
Fonte Bibliográfica:
DRUMOND, A.R.S. (2012) "Dissertação". USO DO MÉTODO
“MOSS BAG” COM Sphagnum capillifolium PARA O BIOMONITORAMENTO
DE METAIS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM IPATINGA, MINAS GERAIS. Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Industrial do Centro Universitário do Leste de
Minas Gerais-UNILESTE.
Para ter acesso à dissertação: http://www.unilestemg.br/portal/mestrado/dissertacoes/dissertacao_039_adriana.pdf
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